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30/03/2018
Mineiros querem leis mais duras para ampliar a
segurança pública
A medida mais importante para
enfrentar o problema da violência, para os mineiros, é criar
leis mais duras. Foi isso que apontou a terceira edição da
pesquisa Minas no Brasil de 2018, realizada pelo Grupo
Mercadológica em parceria com o jornal O TEMPO.
Especialistas, porém, destacam que essa ação muito
dificilmente teria algum efeito prático na realidade
brasileira.
Quando questionados sobre o que poderia melhorar as
condições da segurança pública, 30,7% disseram que o ideal
seria criar punições mais rigorosas. O professor de direito
do Instituto de Direito Público de São Paulo Fernando
Castelo Branco diz que o Brasil já mudou a legislação para
endurecer penas, mas que nenhuma dessas alterações gerou
resultado.
“Se fosse assim, a lei dos crimes hediondos teria dado
resultado para reduzir os crimes no Brasil, e tantas outras
leis. O problema não são nossas leis, mas a aplicabilidade
delas. Quem vem de fora e lê nossa Constituição e nosso
Código Penal vai achar que nosso sistema jurídico é
excelente. Mas não basta só teoria, tem que executar na
prática”, afirmou.
A segunda ação mais citada pelos mineiros como solução para
a segurança pública é ter uma Justiça mais rápida. Essa é a
opinião de 21,5%. Em seguida, aparecem políticas sociais
mais eficazes, com 17,7%.
Para o criminalista Castelo Branco, celeridade processual e
políticas públicas são fatores que efetivamente podem
melhorar a segurança no país. “Uma Justiça mais rápida
poderia seguramente reduzir a sensação de impunidade que
existe na sociedade brasileira. Aquela máxima de que ‘a
justiça tarda, mas não falha’ é uma falácia. Uma Justiça
tardia é, por si, só um Justiça falha”, disse.
Já sobre as políticas sociais, ele destacou que talvez seja
um dos principais aspectos que precisam ser melhorados no
Brasil.
“Você achar que endurecendo as penas para o tráfico de
drogas vai resolver o problema de violência no Rio de
Janeiro, por exemplo, é uma enorme ingenuidade. Basta você
parar para pensar um pouco. É muito mais uma questão social.
Precisamos de investimento em educação, saúde, saneamento
básico. Enquanto isso não for resolvido, continuaremos nesse
regime de Síria o Brasil vive”, declarou.
Outra ação defendida pelos entrevistados na pesquisa foi a
redução da maioridade penal. Do total, 13,7% apontaram essa
ação como fundamental para a melhoria da segurança pública.
Na edição dessa quinta-feira (29), O TEMPO mostrou que 81%
da população de Minas é favorável que menores de 18 anos
respondam por seus atos com base no que prevê o Código Penal
Brasileiro. Desse total, 33% quer redução para 16 anos, e
22,2%, para 14 anos. Outros 13,4% querem que adolescentes
com mais de 12 anos já respondam criminalmente, e 12,5%
defendem que a regra valha para qualquer idade.
Apenas 6,7% disseram que reduzir os índices de violência
dependem de uma fortalecimento das forças policiais, e 9,8%
não acreditam que nenhuma dessas medidas traria algum
resultado efetivo na segurança pública do Brasil.
Congresso. Atualmente tramitam no Câmara dos Deputados 14
projetos que pretendem aumentar a pena para quem for
condenado por tráfico de drogas. Hoje, a punição máxima é de
15 anos.
Aumentar total de presos não alivia violência
Apesar de querer leis mais duras e uma Justiça mais rápida,
a grande maioria dos mineiros não acredita que aumentar as
vagas em presídios e o número de pessoas presas vai trazer
alguma efeito benéfico para a segurança do país.
De acordo com pesquisa Minas no Brasil de 2018, 78,1% dos
entrevistados disseram que aumentar o encarceramento não
traria nenhum impacto sobre os índices de violência.
Outros 21,9% acreditam que mais pessoas presas traria maior
sensação de segurança para a sociedade. Esse posicionamento
é mais recorrente entre os mais jovens. Na faixa etária ente
16 e 34 anos, esse percentual é de 28,6%.
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