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O Saudoso Padre Pedro
foi jogador de Futebol, ídolo da Caldense e virou noticia nacional
28/08/2017
Morreu no último sábado (26), em
Varginha, aos 88 anos, o Padre Pedro Meloni Neto, em
decorrência de Leucemia. Padre Pedro, como era
carinhosamente chamado, jogou na Caldense na década de 1960
e se tornou notícia em todo o Brasil.
Padre Pedro e a Caldense
Ordenado padre em 1955, o padre boleiro chegou à Poços em
1961 para ajudar o monsenhor Trajano Barroco. A Caldense
estava se preparando para jogar a segunda divisão e marcou
uma partida contra a Machadense. A preliminar desse jogo foi
entre alunos e professores do colégio Pio XII, onde
monsenhor Trajano dava aulas. Sabendo das habilidades de
padre Pedro no futebol, que nos 13 anos que fez seminário
jogava bola praticamente todos os dias, Trajano o indicou
para jogar essa partida.
Na ocasião Padre Pedro jogou pelos alunos, que ganharam a
partida por 5 x 2 dos professores. Artilheiro nato, marcou
três gols naquele jogo. “O tamanho oficial do gol no futebol
é cerca de sete metros, lá no seminário o gol tinha uns
quatro metros e eu já fazia muitos gols. Quando vi o tamanho
do gol oficial achei bem mais fácil colocar a bola para
dentro”, explicou o padre em 2012.
Logo após a partida, presidentes de vários times que jogavam
o Campeonato da Cidade tentaram fazer com que o padre
assinasse contrato, mas, Pedro decidiu assinar com a
Caldense, que disputava o mesmo campeonato com um time feito
de aspirantes e veteranos. Nessa época o sacerdote estava
com 31 anos e fez sua escolha pela Veterana, pois queria
jogar no time que era dono do campo em que ele jogou o
amistoso, por ser perto da igreja Matriz. Na época a
Caldense jogava no Christiano Osório, onde hoje se localiza
a sede social do clube.
A notícia de um padre jogador se espalhou pelo Brasil, o que
fez com que a imprensa de vários lugares viesse a Poços de
Caldas atrás de Pedro. “Foi uma loucura, era fotógrafo
tirando foto minha rezando missa, com batina, sem batina,
jogando bola”, contou o padre, que chegou às páginas da
principal revista da época, ‘O Cruzeiro’. “Foi na edição de
fevereiro de 1962, foram quatro páginas falando sobre mim. O
título da matéria era: ‘Um padre na extrema esquerda’,
estávamos em época em que passávamos por um momento político
complicado, que culminou no Golpe de 64, então, as pessoas
iam ler a matéria pensando que se tratava de um padre
comunista, mas, não era nada disso, extrema esquerda era a
ponta esquerda mesmo”, se divertiu o padre na época.
Padre Pedro ficou um ano e meio na Caldense, até ser
transferido para a cidade de Areado. No tempo em que ficou
na Veterana, apesar de ser registrado na Federação Mineira,
nunca jogou no time principal, mas, não foi por falta de
insistência dos dirigentes. “Para mim futebol era só uma
distração, para jogar no profissional exigiria mais tempo,
mais treinamento. O pessoal queria que eu jogasse, mas,
minha profissão era outra, eu gostava só de jogar o
campeonato local mesmo. Era um time muito bom, com jogadores
experientes que me davam cada bola e, com aquele gol enorme,
eu não errava uma”, brincou padre Pedro, que ainda jogou no
time de Areado, de Serrania e de Paraguaçu.
TPOWER | Rota Paraguaçu
Por: Poços Já
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